Gostaria de continuar a contar com o vosso contributo e a vossa paciência para me aturar.
Obrigado e até sempre
Obrigado e até sempre
E que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que tristeza.
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço,
E que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflicta em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente
Complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é plateia e a outra metade, é canção.
E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade... também...
Oswaldo Montenegro
Mãe e filho num centro de alimentação de urgência, Tahoua, Niger,
1 de Agosto de 2005
Autor: Finbarr O'Reilly, Canada, Reuters
Todas as fotos vencedoras de todas as categorias podem ser vistas no site oficial do World Press Photo.
Se o meu sangue não me engana
como engana a fantasia
havemos de ir a Viana
ó meu amor de algum dia
ó meu amor de algum dia
havemos de ir a Viana
se o meu sangue não me engana
havemos de ir a Viana.
Levei de tudo isto um pouco, para além dos abraços dos amigos, da paixão da namorada e do amor de minha mãe.
Em meados de Junho de 1971, só a Jorgelina, uma das minhas irmãs, acompanhou-me à estação dos caminhos-de-ferro. Depois de uma despedida com dor e já com muitas saudades, com o comboio a entrar na ponte metálica sobre o rio, dei comigo, com os olhos vidrados, a fixar o lado esquerdo da linha férrea, Queria ver, mais uma vez, a minha casa que ficava ali a algumas dezenas de metros.
É muito doloroso, uma mãe ver um filho partir para a guerra. E ali estava ela sozinha, vestida de preto, acenando-me o último adeus até onde a vista o permitia. Por fim, deitou ambas as mãos à cabeça, numa atitude de desespero, por ver partir alguém que ela brotou e criou e que agora via a guerra levar. Pela primeira vez uma lágrima correu teimosamente no meu rosto. Acenei com a alma tolhida. Levei comigo essa imagem que me acompanhou sempre na guerra e para além dela.
A.P
Já foi informado o Ministério das Obras Públicas acerca dos graves problemas de segurança que afectam a velha ponte metálica, projectada pelo engenheiro francês Gustave Eiffel e inaugurada faz na próxima sexta-feira 128 anos
Além da corrosão das vigas principais, que obrigou à realização das obras iniciadas em Janeiro e à análise de toda a estrutura do tabuleiro (que ontem começou), há dois pilares em risco de colapso, ao que tudo indica devido à extracção, muitas vezes ilegal, de inertes no rio Lima e que pode obrigar ao fecho da ponte à circulação de comboios.
O assunto vai ser debatido na próxima segunda-feira, em que vão participar o governador civil, o presidente da Câmara e o secretário de Estado das Obras Públicas.
Nessa reunião, Paulo Campos deve fazer um ponto de situação acerca do real estado da ponte e, no caso de a solução passar pelo seu encerramento definitivo a carros e comboios, dar nota de soluções alternativas.
Se a ponte não tiver remédio, é natural que o Governo não avance com a construção de uma nova travessia antes da conclusão dos estudos relacionados com o futuro TGV, entre o Porto e Vigo.A Comissão de Utentes da Ponte Eiffel acusa o Estado de “negligência grosseira” e ontem, em conferência de imprensa, anunciou que “se os trabalhos não terminarem a 31 de Julho, como o previsto, entra em Tribunal uma queixa contra o Estado”.
A Comissão de Utentes mostra-se revoltada com os atrasos nas obras e, sublinha o seu presidente, Arménio Belo, que “há mais de seis anos que foram dados os primeiros alertas de degradação da ponte e, por negligência, nada foi feito”.