domingo, fevereiro 26, 2006

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Ganda maluco

Modernidades linguísticas

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar "afro-americanos" aos pretos, com vista a acabar com as raças por via gramatical - isto tem sido um fartote pegado!


As criadas dos anos 70 passaram a "empregadas" e preparam-se agora para receber menção de "auxiliares de apoio doméstico".

De igual modo, extinguiram-se nas escolas os "contínuos"; passaram todos a "auxiliares da acção educativa".

Os vendedores de medicamentos, inchados de prosápia, tratam-se de "delegados da propaganda médica".

E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em "técnicos de vendas".

Os drogados transformaram-se em "toxicodependentes" (como se os consumos de cerveja e de cocaína se equivalessem!); o aborto eufemizou-se em "interrupção voluntária da gravidez"; os gangues étnicos são "grupos de jovens" ; os operários fizeram-se de repente "colaboradores"; e as fábricas, essas, vistas de dentro são "unidades produtivas" e vistas da estranja são "centros de decisão nacionais".

O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à "iliteracia" galopante.
Desapareceram outrossim dos comboios as classes 1.ª e 2.ª, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes "Conforto" e "Turística".

A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...»; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.

Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um "comportamento disfuncional hiperactivo".
Do mesmo modo, e para felicidade dos "encarregados de educação", os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, "crianças de desenvolvimento instável".

Ainda há cegos, infelizmente, como nota na sua crónica o Eurico. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado "invisual". (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o "politicamente correcto" marimba-se para as regras gramaticais...).

Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em "implementações", "posturas pró-activas", "políticas fracturantes" e outros barbarismos da linguagem.

E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.

À margem da revolução semântica ficaram as putas. As desgraçadas são ainda agora quem melhor cultiva a língua. Da porta do quarto para dentro, não há "politicamente correcto" que lhes dobre o modo de expressão ou lhes imponha a terminologia nova. Os amantes do idioma pátrio, se o quiserem ouvir pleno de vernaculidade, que se dirijam ao bordel mais próximo. Aí sim, um pénis de 25 centímetros é um " *aralho enorme" e nunca um "órgão sexual masculino sobredimensionado"; assim como dos impotentes, coitados, dizem elas castiçamente que "não levantam o pau", e não que sofrem de "disfunção eréctil".

do amigo: João Moreira (boina verde)

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

COMUNICAÇÃO MARIDO / MULHER

O Marido e a Mulher não se falavam há uns três dias... Entretanto, o homem lembra-se que no dia seguinte terá uma reunião muito cedo no escritório, e como precisava de se levantar cedo resolveu pedir a mulher para acorda-lo, mas para não dar o braço a torcer, em vez de falar, escreve num papel:

"Acorde-me às 06 horas da manhã"
No outro dia, levanta-se e quando olha no relógio são 09:30 h. O homem tem um ataque e pensa:
Filha da p... !!! estúpida!!! não me acordou...
Nisto olha para a mesa de cabeceira e repara num papel no qual está escrito:
"... São seis horas, levanta-te!!!"

conclusão:
NÃO FIQUE SEM FALAR COM AS MULHERES, elas ganham sempre.

Chocante

Parabens ao (meu) Benfica, pela soberba vitória.

Mas ao saber isto, até nem me apetece falar de futebol.

Tinha ouvido a notícia na Bola Branca, e depois perdi a referência. Hoje voltei a procurá-la e consegui encontrar aqui os detalhes que precisava para fazer um post.Lualua, jogador pela selecção do Congo, foi informado da morte do filho de 18 meses apenas 15 dias depois do ocorrido! Tudo porque a selecção ainda se encontrava a disputar jogos na Taça de África das Nações. Valeu de muito à selecção, esta atitude indescritível!Absolutamente revoltante. Sem palavras!

Surripiado de: Apito Feminino

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Crise? Qual crise?

…e a Caixa Geral de Aposentações aposentou-o apesar do ex-deputado socialista e actual administrador da Galp, Fernando Gomes não ter solicitado a reforma,

Apesar de reformado, ainda continua a trabalhar e irá começar a receber em Março ( com efeitos retroactivos de 1 de Novembro de 2005) uma reforma de 3172 euros, um valor que irá acrescentar ao seu salário mensal na ordem de 15 mil euros.

Como gestor público, Fernando Gomes não é obrigado a optar por um terço do salário ou da reforma, como acontece agora com os titulares de cargos políticos. Devido ao novo regime de pensões dos titulares de cargos políticos, o ex-ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, e o actual ministro das Obras Públicas, Mário Lino, foram obrigados a ‘encolher’ os seus rendimentos mensais.

Crise? Qual crise?

sábado, fevereiro 18, 2006

Caricaturas IV

E teremos que juntar ainda mais esta...
Helmut Kohl, Chanceler da Alemanha de 1982 a 1998


sexta-feira, fevereiro 17, 2006

A cara do poder

Caricaturas III

E teremos que juntar ainda mais esta...
Jacques Chirac, Presidente francês


Caricaturas II

Teremos que juntar mais esta...
Bill Gates que é só o mais rico do mundo pelo 10º ano consecutivo

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Caricaturas I

Teremos que juntar mais esta...
de Putin, Presidente Russo

terça-feira, fevereiro 14, 2006

RETALHOS - O frio da realidade IV (fim)


Parecia que este exercício fora programado, propositadamente, para esta altura do ano, para que as condições mais adversas testassem as nossas capacidades e ultimassem a nossa preparação em situações limite.
No outro topo da Berliet, enxergo o Fiúza, com aquela cara moldada pelos anos do mar e habituado às agruras próprias do ambiente. Lembro-me sempre de ele falar, no seu jeito exaltado, dos homens do mar:
“- A bordo da traineira, contava um velho pescador que quando ouviu o diabo descrever as agruras do inferno lhe tinha respondido: “a gente habitua-se a tudo”.
Talvez seja verdade. Mas ninguém está perfeitamente adaptado, a qualquer coisa que seja, sem por lá ter passado. A vida do mar tem muitas semelhanças à que encontrei nas forças pára-quedistas.
Para uns será mais fácil do que para outros, mas todos sentimos inicialmente os problemas de viver em espaço apertado, termos de acondicionar num cacifo todos os nossos pertences e a necessidade de partilhar quase tudo o que era privado. Não há nada que se faça que não acabe por interferir com a vida do camarada do lado, exigindo-se de todos um sentido de grupo, de colaboração, de tolerância e solidariedade que dificilmente terá paralelo na vida civil.
Passaram duas semanas após a segunda baixa mortal neste meio ano de preparação. Cada vez tudo se tornava mais exigente, mais duro para testar os limites físicos e mentais, quase sobre-humanos, de cada homem de forma a torná-lo um caçador por excelência.
Desciamos as escarpas íngremes da serra, em Vila de Rei, carregando cada um de nós, todo o equipamento individual, com o auxílio duma corda de sisal. Exercícios necessários, mas extraordinariamente exigentes, onde todos acabavam arrasados e sedentos. Ali tão perto estavam as águas perigosas do rio Zêzere a ameaçar-nos se déssemos alguma queda, mas agora serviam para nos refrescar.
Nunca se soube se o soldado, se atirou ao rio para se refrescar ou caiu já inanimado pelo esforço a que foi submetido. Alguns minutos depois deu-se a falta dele e aí o Fiúza, nosso “homem do mar”, ainda a recuperar do esforço, não hesitou e mergulhou às profundezas tentando resgatar uma e outra vez, num esforço, que se veio a revelar infrutífero, pois a corrente arrastou o corpo rapidamente nas águas de Inverno pelo rio abaixo.
Os semblantes destes três camaradas eram comuns a todos quantos iam aconchegados na viatura. Era o frio da realidade tomando conta de todos, mas tinha a consciência que a preparação e treino de um Caçador Pára-quedista só poderá fazer-se utilizando como meio o próprio risco.
Depois de quase uma hora de viagem empoleirado, lá chegámos ao objectivo de uma povoação chamada Vila de Rei.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

As minhas manias

[Regulamento:Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que o diferenciem do comum dos mortais. E, além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue.]

O Fernando, da Hora que há-de vir, quer saber cinco das minhas manias, melhor dizendo, que as divulgue pois como mano e compadre, conhece-as muito bem… mas enfim! Nem sei por onde começar… mas como as manias são versáteis, pois alguns hábitos tem sempre que a ver com o presente. Então vamos lá.
1- Apesar de aposentado ao fim de quarenta e dois anos a trabalhar oficialmente, levantam-me da cama impreterivelmente às 8 horas, ou pelo despertador ou pelo meu filhote de 6 anos. Depois do ataviar convenientemente, venho ao pc ver o correio e tomar conhecimento de algumas novidades, ás nove horas, levo-o á escola, aproveito para na vinda comprar o JN e ir tomar um cafezinho, ler esse e mais alguns jornais à borla no café, termino quebrando a cabeça no sudoku pois já foi também “apanhado”.
2- O resto da manhã, aproveito para jardinar em casa, neste momento é mais pedreirar, pois estou armado em pedreiro e a dar cabo das minhas mãozinhas tão mal habituadas, mas como é mesmo a minha principal mania a construção seja do que for, até Legos, neste caso pedreiro, mas se profissionalmente era na construção naval (planeamento), também gosto e faço - só para mim - na área da electricidade, serralharia, e principalmente informática,
3- Agora deu-me para escrever as minhas memórias. Para já as de natureza militar e da guerra, depois logo se vê. Se eu tiver talento e pachorra, pode ser que saia alguma coisa que não envergonhe quem me quer como amigo.
4- Tiro sempre umas horinhas para navegar, para blogar e para conversar com os amigos e amigas. Está a tornar-se também viciante, mas enquanto der para aguentar... vamos andando
5- Incomodar os amigos com as minhas coisinhas, como esta de ter que escolher cinco para dar corpo a esta corrente e de entre muitos seleccionei, que me perdoem os outros, ou mesmo estes pelo abuso. Aqui vai:
Á Bárbara,
O frio da realidade, uma jovem poetiza que é urgente apoiar e divulgar. Ao Vasco, Dentro de uma das minhas gavetas, um jovem professor com uma sensibilidade fora de comum e um amigo para todas as ocasiões. Á Céu, Cantinho da Tricaninha, uma Coimbrâ, mulher de armas e uma mulher fantástica. Á Lina, Ruby & Pearl, Professora, Grande Amiga e lutadora contra o Cancro, na 1ª pessoa. E á Riquita, Contra capa, uma médica que aprecio muito com os seus escritos.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

RETALHOS - O frio da realidade III

Recordei as aulas teóricas dadas ao ar livre, onde o bom gigante era o prato da festa:
“- Patacão, isto chama-se o precursor e tem como função…” – e agora virado para todo o grupo, o Instrutor lá foi explicando vagarosamente, em que consistia o corpo de uma granada ofensiva.
De repente vira-se de novo e pergunta:
“- Patacão, como se chama isto?” - Mostrando o precursor.
“- Na sei, meu sargento” – Responde o Patacão.
Perante a risada geral, o sargento quase engolia o precursor de raiva. Eram umas aulas divertidas.
O Cunha, quase com metade da altura do Patacão, mas com uma energia incrível, estava sentado a meu lado e perguntou-me:
“- De que te ris pá? Nem com este frio deixas de magicar?”
“- Estava a pensar no Patacão e no sargento Vermelhinho.”
“- Não me fales nesse cabrão de Sargento, ainda sinto os ouvidos a fritar.”
“- Esse gajo, numa bela segunda-feira e depois de uma aula de minas e armadilhas, deu 15 minutos de intervalo.” – Como se eu não soubesse da história, o Cunha lá foi vomitando a sua revolta:
“- Passado o intervalo, esse cabrão deu pela minha falta. Estava estourado e adormeci sentado e encostado a uma árvore. O filho da puta veio procurar-me, sozinho, deu comigo e em vez de me acordar, atirou uma granada perto para me pregar um susto…”
Com a cara transfigurada pela revolta rematou:
“ – Se um dia o apanho na Guiné, limpo o sebo a esse cabrão”.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

É a Economia, estúpido!

Excelente artigo de Miguel Carvalho, com a devida vénia, que dou aqui à estampa
Eu já sabia que a Economia punha e dispunha.
Sinto-o no bolso, todos os meses. O ordenado é o meu barómetro: se estica, estou em retoma. Se não estica, entro em recessão.
Noutras considerações não entro, por manifesta incompetência.
Não jogo na bolsa, não tenho fundos de investimento, nem sequer comprei casa por pavor de ver o meu futuro entregue a um banco.
Mas há uns anos diverti-me imenso com o facto de um diligente empregado de hotel do Luxemburgo me bater à porta do quarto às sete da manhã para me entregar em mão o Financial Times, o que, como devem imaginar, é mesmo aquilo que um homem precisa às sete da manhã.
De Economia e Finanças, sei menos do que o básico. E sou um péssimo gestor dos meus vícios e gastos.
Sei pouca coisa, portanto...
Sei que, desde que há governos no Portugal democrático, os aumentos de ordenado têm sempre de ter em conta a crise e a inflação e, portanto, têm de ser moderados. A crise vem de longe, é como a fama do Constantino, o do brandy, se bem se lembram.
Sei também que as receitas do FMI para os países em crise nunca os tiraram da crise, pelo contrário. Li isso no El País de sábado, mas até para mim não era novidade.
Sei que a liberdade de Imprensa no Ocidente tem um preço – petróleo – e as guerras modernas um motivo – petróleo.
Sei que a ONU prega todos os anos no deserto que os ricos estão mais ricos e os pobres mais pobres e isso pouco mais dá do que rodapés nos jornais.
Sei que a revista Fortune (é mesmo esta?) publica anualmente uma lista dos mais ricos do mundo e que Bill Gates está sempre no topo e o engenheiro Belmiro aparece na lista.
Há dias, estiveram os dois por cá, o que nem sempre acontece, como se sabe.
Bill Gates, o tipo que magicou este sistema em que escrevo – que agradeço penhoradamente – teve honras de chefe de Estado, e ao que parece, o doutor Marques Mendes não gostou de tanto servilismo de Estado. Se pudesse, o doutor Mendes teria dito ao engenheiro Sócrates, em plena visita de Gates, uma coisa deste género: «Quanto mais te baixas, mais se te vê o rabo». Pensou, mas não disse. O doutor Mendes sabe que um dia, se lá chegar, pode ter de ser ele a fazer o papel de Sócrates.
Com jornalistas em êxtase a fazer a entrevista das suas vidas ao Bill e o histerismo político e ministerial que se viu, o doutor Mendes corria o risco de falar e ser mal interpretado. Por isso, deixou o Bill ir embora e falou depois. Sim, o doutor Mendes também sabe que a Economia, ao contrário do sonho do Gedeão, é que verdadeiramente comanda a vida. E ele deve saber isso, pelo menos desde que o professor Marcelo – do partido do doutor Mendes – se meteu com o engenheiro Belmiro por causa de uns negócios mal explicados. O patrão da SONAE zangou-se e obrigou os deputados a levantar o cuzinho bem cedo do choco para o irem ouvir ao Parlamento.
Se dúvidas ainda existissem sobre o facto da Economia mandar nas nossas vidas, eis que o País se agita por causa da OPA hostil da família Azevedo ao universo da PT. Negócio do ano. Do século. Ouvi dizer. Por momentos, pensei no que a minha vida ia mudar por causa da OPA. Descobri, com esforço, que talvez não mude nada, embora esperando sempre o pior. A OPA, ao que parece, é um Euromilhões à portuguesa, coisa nunca vista. Não sei. No outro Euromilhões, o das cruzinhas, ainda jogamos à sorte o nosso destino. Neste, cheira-me que ficamos a ver jogar. Mas isto sou eu...

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Pouco respeito pela vida humana


Apesar do infortúnio, lemos com satisfação, que a família de uma criança que nasceu no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, e cujo parto foi objecto de "uma alegada negligência médica de um obstetra e um pediatra do Hospital de Setúbal", conforme nos diz a Sic, vai passar a ser indemnizada pelo referido Hospital, por um valor que compense a família, pelos gastos que tem com a saúde da criança. Apenas 550 euros, por mês! De facto, a justiça portuguesa ainda tem pouco respeito pela vida humana. Mas, pode ser um princípio!

ESQUECERAM DE QUE EXISTE...ENVELHESCÊNCIA.

Se você está entre 45 e 65 anos, preste bastante atenção no que se segue. Se você for mais novo, preste também, porque um dia vai chegar lá. E se já passou, confira.
Sempre me disseram que a vida do homem se dividia em quatro parte: infância, adolescência, maturidade e velhice. Quase correcto, Esqueceram de nos dizer que entre a maturidade e a velhice existe a envelhescência.
A envelhescência nada mais é do que uma preparação para entrar na velhice assim como a adolescência é uma preparação para a maturidade. Engana-se quem acha que o homem maduro fica velho de repente, assim da noite para o dia. Não antes da envelhescência. E, se você está em plena envelhescência, já notou como ela é parecida com a adolescência? Coloque os óculos e veja como este nosso estágio é maravilhoso.
Nós envelhescentes, também mudamos o nosso ritmo de falas, o nosso timbre. Os adolescentes querem falar mais rápido, os envelhescentes querem falar lentamente.
Os adolescentes vivem a sonhar com o futuro, os envelhescentes vivem a falar do passado. Bons tempos.
Os adolescentes não entendem os adultos e acham que ninguém os entende. Nós envelhescentes também não os entendemos. Ninguém me entende é uma frase típica dos envelhescentes.
Ambos adoram deitar e levantar tarde.
O adolescente adora assistir um show de um artista envelhescente (Caetano, Chico, Mick Jagger). O envelhescente adora assistir um show de um artista adolescente (Daniela Mercury).
O adolescente faz de tudo para aprender a fumar. O envelhescente pararia qualquer preço para deixar o vício. Ambos bebem escondido.
Adolescência vai dos 10 aos 20 anos, a envelhescência do 45 aos 65. Depois sim, virá a velhice, que nada mais é que a maturidade do envelhescente.
Daqui a alguns anos, quando insistirmos em não sair da envelhescência para entrar na velhice, vão dizer: é um eterno envelhescente! Que bom.

SEJA BEM-VINDO À TERCEIRA IDADE!

Mário Prata

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

RETALHOS - Os Pumas terminam agora a sua missão


O primeiro protótipo do Puma, de origem francesa, voou pela primeira vez a 15 de Abril de 1965. Portugal recebeu-os em plena guerra do Ultramar e foi o primeiro país do mundo a utilizá-los em situações reais de combate. Os 13 Puma comprados pela Força Aérea chegaram entre 1969 e 1971.
Conheci-os muito bem em Angola. Eram excelentes pela sua maior capacidade de transporte de militares em teatro de guerra, onde eram utilizados especialmente em operações de alto risco largando-nos a cerca de 15, 20km do objectivo, para não sermos detectados, e depois nas evacuações dos pára-quedistas, quando a operação ao fim de 3, 4 dias era dada por terminada.
Quando ouvia o som característico do helicanhão a chegar, que mais não era do que o Alouette III equipado com um canhão de 20 mm na porta traseira esquerda, era sinal que a nossa evacuação estava eminente.
Hoje, as aeronaves que chegaram com a Guerra do Ultramar voltam a estar no centro das atenções, mas por razões distintas. Esta manhã, na Base Aérea 6, no Montijo, assinala o princípio do fim de 30 anos de missões dos Puma. O novo ‘Senhor dos Céus’ chama-se EH 101 Merlin. Até ao final deste ano, a Força Aérea espera ter 12 destas aeronaves a operar. Seis, vocacionadas para busca e salvamento, começam a voar hoje. Duas, para fiscalização das pescas, devem descolar até Dezembro. As quatro restantes ainda estão na fábrica.
O dez Pumas que ainda restam – pois a primeira baixa ocorre na BA3 em Tancos numa sabotagem pela LUAR, estava eu nessa altura na Polícia Aérea (desenfiado em casa, mas isso é outra história), a segunda baixa sucede deu-se em Moçambique tendo a terceira baixa ocorrido nos anos 80. – Espero que lhes dêem uma vida útil na Protecção Civil, combate aos fogos florestais e no interesse público.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Absolutamente fantástico

RETALHOS - O frio da realidade II

Havia sete Berliet’s para outros tantos pelotões. O comandante do curso era transportado num Unimog, viatura que se revelava um veículo militar muito instável e de alta perigosidade, pela facilidade com que se despistava e capotava. Originava, nas guerras de África, um número elevadíssimo de acidentes, provocando mortos e feridos graves.
A coluna militar vista de trás, dava-me uma visão fantasmagórica que eu me habituei a ver no transporte de tropas, em filmes de guerra. Rapidamente a minha mente voava para tudo o que me tinha trazido até este momento. Eu só queria ser pára-quedista e saltar de avião. Nunca me passou pela cabeça as aventuras em que me vim meter. Por força das circunstâncias e pelos laços de amizade que se foram alicerçando, com todos os camaradas e com alguns instrutores, que apesar de tudo nos tratavam como pessoas e nos ajudavam a formar homens, para além de guerrilheiros, dei comigo a gostar desta família.
Passei a ponte de Constança sobre o rio Zêzere. Este depois de serpentear ao longo de mais de 200 km conflui uns metros abaixo com o rio Tejo. Já na outra margem e com o dia a alvorecer, a minha cabeça meio abandonada, entre as orelhas, começou a fervilhar e os meus olhos a deixarem de ver para o lado de fora das coisas.
Fui reparando nos semblantes dos meus companheiros de armas e tentando adivinhar o que lhes ia na alma. Sentíamo-nos como uns cadastrados ligados à grilheta um dos outros. Ninguém falava e não era só o frio daquele Dezembro gélido de 1970, mas também o frio da realidade que nos tolhia.
De entre todos os que se procuravam livrar do frio cortante, que entrava por nós dentro, sobressaía o bom gigante do Patacão. Um alentejano no seu estado puro, lento e calmo em tudo o que fazia, até no pensar era lento. Nem as pernas enormes assentes num 46, de botas, o faziam andar mais depressa. Tinha a tez queimada pelo sol das planícies alentejanas. De perto, só se lhe vislumbrava um nico de cara e a luz dos olhos.
.../...

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Um espaço renovado

Este espaço tem uma cara mais lavada, mais fresca e presumo mais arejada.
Aproveitem para dizer da vossa justiça, comentando.

Obrigado