segunda-feira, outubro 31, 2005

Viagens pela Internet

Faz agora um ano que deixei de ser um trabalhador no activo pois no entender da minha médica devia descansar e, ainda, segunda ela, devia requerer a minha aposentação o que se acabou por se concretizar. É verdade que na minha actividade profissional e que se resumia á área do planeamento e programação, profissão essa que desenvolvia numa empresa de construção naval http://www.envc.pt/. era um trabalho extremamente exigente e cansativo do ponto de vista mental, pois lidar com cálculos matemáticos, planeamentos e programação numa área tão complexa como é a construção de um navio. Tanto mais que não tendo qualquer formação académica, o que só por si me obrigava a estudo e esforço redobrado.
Por não ser menos verdade também tenho que referir que, pesou mais nesta decisão o facto de trabalhar e descontar para a Segurança Social á mais de 42 anos e pelo meio ter prestado serviço militar em África
Neste último ano tenho dedicado bastante do meu tempo a estas viagens pelo mundo na Net, a que se convencionou chamar blogosfera. Primeiro nos chats para discutir um assunto específico, bater papo, fazer amigos conversar tendo com isso estabelecido algumas relações sérias que ainda se mantêm e depois passando para os blogs.
No mundo dos blogs encontramos escritores, amantes de animais, donas de casa, experts em informática, profissões liberais, web-designers e muitos jornalistas e professoras. A variedade dos temas é sempre rica: de amores e paixões à literatura, passando pelas notícias de informática e de ajudas e análise do país e do mundo. A grande vantagem é ser um território livre, onde se escreve (e publica) o que se quer.
Para mim o blog é para dividir coisas que descubro na Internet e não só, além de curiosidades do quotidiano e do dia-a-dia do mundo doido em que vivemos.
Tenho de facto conhecido muita gente de variados extractos sociais e formações académicas que muito me tem enriquecido e que vão desde uma costureira a uma jurista, de um serralheiro a uma arquitecta, de uma estudante a uma psicóloga. E o que noto em todos eles ou elas é que são carentes de variadas coisas e formas e isso é mais nítido nos chats ou nos vários mensageiros que aí proliferam onde as conversas são em tempo real.
Penso que as pessoas que procuram a Net para conversar, é porque estão carentes e solitárias e quando tem afinidades e se identificam com os amigos virtuais demonstram o que sentem como se estivessem a falar para dentro deles próprios, sendo nós como um refúgio uns dos outros.
Todos os que me conhecem melhor, sabem que eu por natureza gosto de ajudar seja no aspecto profissional, pessoal, familiar e também aqui porque não? Se tudo o que vou aprendendo tem sempre algo de alguém que também em ensinou.
Portanto… enquanto tiver alguém que me queira aturar, cá continuarei conhecendo novos amigos, adquirir conhecimentos e também tentando publicar sempre alguma coisinha.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Carta de despedida

Do Centro Nacional de Pensões:

Informo V. Exa. Que, no uso da competência delegada pelo Director deste Centro, o requerimento de pensão oportunamente apresentado foi DEFERIDO ao abrigo da legislação em vigor

A pensão tem início em 2005-09-01

E foi assim que terminou desta forma telegráfica a minha situação de trabalhador no activo desde Maio de 1964 a Agosto de 2005. Quarenta e dois anos de carreira contributiva a que somam mais dois anos a 100% de Serviço Militar em teatro de guerra como Tropa Especial e que hoje se chama Forças de Intervenção Rápida.
Tudo somado perfaz 44 anos de contribuições para a minha aposentação em que a fatia maior do bolo, pertence sem dúvida à minha ultima empresa
www.envc.pt onde lá labutei desde 1966 até à presente data.
Não vou dizer que deixei lá amigos, direi antes, e por ser verdade, que tenho lá muitos e bons amigos desde a senhora da limpeza (D. Conceição) que lá vinha invariável todos os dias, limpar a minha secretária até ao Director de Produção (Engº Vitor Lemos).
Vi sair e entrar muita gente desde o patrão Dr. Jaime Lacerda, hoje Vice-Presidente da
www.aip.pt até ao mais humilde funcionário. Com todos eles privei sem distinções, com estima e muita consideração como camaradas que eram do mesmo barco.
Procurei contribuir sempre com os vindouros, passando-lhes alguma da minha muita experiência bem como algum do meu pouco saber.
No plano social e no tempo certo não me escusei a dar contribuição durante algumas décadas, quer no âmbito sindical ou desportivo.
Se alguma vez não consegui ser tão prestável como desejaria, também somos humanos e sujeito a falhas, mas uma coisa é certa e indesmentível, coloquei sempre os superiores interesses da empresa (a empresa somos todos nós) acima de tudo, mesmo que isso em certas alturas não fosse politicamente correcto.
Vou terminar como comecei com uma citação, desta vez minha, de um excerto de um artigo que escrevi há muito tempo na revista da responsabilidade dos trabalhadores da Roda Leme (aproveito para felicitar o seu director, Gonçalo Fagundes)

Confesso que não entendo que uma empresa que cumpriu sempre com as suas obrigações para com os trabalhadores, seja levada à barra dos tribunais por não conseguir cumprir o acordado e que se resumia a menos de meia dúzia de Euros. Foi nesta empresa que me fiz homem e cidadão e penso, que me desculpem, que isto não deveria acontecer, quem nos representa procedeu mal

Bem-haja a todos e um abraço

José da Silva Marques
Serviço de Planeamento

quarta-feira, outubro 26, 2005

Há greves e greves

Sinceramente e com todo o respeito, não consigo entender esta greve dos juízes. Se há greve é porque há litigio, e se com os juízes em greve, quem aplica a justiça?
A resposta a essa questão poderá ser anedótica e ser algo como: quando levantarem a greve; mas como estamos habituados a longas esperas, e se formos abastados, com a cumplicidade de advogados bem pagos, até se conseguem umas prescrições.
Se está em causa a independência da juízes, então que se levante o povo e se coloque ao lado deles numa greve geral por tempo indeterminado, pois sem a independência deles não há democracia. Será uma questão nacional a ser defendida com unhas e dentes.
Mas salvo melhor opinião, não me parece que seja isso que está em causa, mas antes, as sempre antipáticas percas de regalias, de passarem a ter “apenas” um mês de férias como toda a gente sem excepção, de passarem a ter “apenas” um sistema de apoio á saúde como tem todos os servidores do estado, incluindo o Presidente da Republica ou Primeiro Ministro

Termino dizendo: isso não prestigia a justiça nem os juízes e alem de feio é lamentável