sexta-feira, outubro 28, 2005

Carta de despedida

Do Centro Nacional de Pensões:

Informo V. Exa. Que, no uso da competência delegada pelo Director deste Centro, o requerimento de pensão oportunamente apresentado foi DEFERIDO ao abrigo da legislação em vigor

A pensão tem início em 2005-09-01

E foi assim que terminou desta forma telegráfica a minha situação de trabalhador no activo desde Maio de 1964 a Agosto de 2005. Quarenta e dois anos de carreira contributiva a que somam mais dois anos a 100% de Serviço Militar em teatro de guerra como Tropa Especial e que hoje se chama Forças de Intervenção Rápida.
Tudo somado perfaz 44 anos de contribuições para a minha aposentação em que a fatia maior do bolo, pertence sem dúvida à minha ultima empresa
www.envc.pt onde lá labutei desde 1966 até à presente data.
Não vou dizer que deixei lá amigos, direi antes, e por ser verdade, que tenho lá muitos e bons amigos desde a senhora da limpeza (D. Conceição) que lá vinha invariável todos os dias, limpar a minha secretária até ao Director de Produção (Engº Vitor Lemos).
Vi sair e entrar muita gente desde o patrão Dr. Jaime Lacerda, hoje Vice-Presidente da
www.aip.pt até ao mais humilde funcionário. Com todos eles privei sem distinções, com estima e muita consideração como camaradas que eram do mesmo barco.
Procurei contribuir sempre com os vindouros, passando-lhes alguma da minha muita experiência bem como algum do meu pouco saber.
No plano social e no tempo certo não me escusei a dar contribuição durante algumas décadas, quer no âmbito sindical ou desportivo.
Se alguma vez não consegui ser tão prestável como desejaria, também somos humanos e sujeito a falhas, mas uma coisa é certa e indesmentível, coloquei sempre os superiores interesses da empresa (a empresa somos todos nós) acima de tudo, mesmo que isso em certas alturas não fosse politicamente correcto.
Vou terminar como comecei com uma citação, desta vez minha, de um excerto de um artigo que escrevi há muito tempo na revista da responsabilidade dos trabalhadores da Roda Leme (aproveito para felicitar o seu director, Gonçalo Fagundes)

Confesso que não entendo que uma empresa que cumpriu sempre com as suas obrigações para com os trabalhadores, seja levada à barra dos tribunais por não conseguir cumprir o acordado e que se resumia a menos de meia dúzia de Euros. Foi nesta empresa que me fiz homem e cidadão e penso, que me desculpem, que isto não deveria acontecer, quem nos representa procedeu mal

Bem-haja a todos e um abraço

José da Silva Marques
Serviço de Planeamento

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