sexta-feira, junho 30, 2006

RETALHOS - A sabotagem (fim)

“ – Aguarde uns minutos, pode ser que tenhamos sorte com o próximo.”
E naqueles dois ou três minutos de espera ainda dentro do táxi, confessou-me que também tinha um filho em Angola, que entendia muito bem a vida de um militar e que me ia ajudar esperando o tempo que fosse necessário.
Era muito raro, uma família não ter nenhum dos seus membros no ultramar e nas agruras da guerra.
Por sorte a sentinela que entrara agora de serviço, era da minha camarata. Este sabia que eu estava ausente sem autorização, mas percebia as razões pois tinha sido um dos que me dissera para aproveitar estes meses nas calmas. Fez-me sinal para entrar e ao passar por ele, quase em surdina me avisou:
“ – Nosso Pára, vá de imediato guardar o saco pois vai haver mais uma chamada para confirmar as presenças”.
“ – Obrigado nosso cabo, Deus lhe pague” – manifestei logo ali o meu sincero agradecimento.
“ – Não perca tempo e não se preocupe porque não está em falta, o seu amigo alentejano ontem respondeu por si.”
Claro que fui dar um abraço sentido ao, muito recente, amigo alentejano que demonstrou a todos o valor da amizade. Com um gesto mostrou que vale a pena sentir a felicidade de poder contar incondicionalmente com alguém. Soube estar presente, adivinhando a minha dificuldade e fazendo da amizade um ponto positivo na vida.

2 comentários:

Anónimo disse...

isso é a solidariedade e nesses momentos é bem-vinda..que momentos intensos estes !!!
um beijo

Anónimo disse...

Atos como esse demonstram a verdadeira amizade.Saber se colocar no lugar do outro.Isso vale ouro
Ligia