sexta-feira, julho 28, 2006

INFÂNCIAS PERDIDAS!!!!!!!


O que dizer daquelas crianças que "perderam direitos adquiridos", pelo nascimento de um irmão mais novo?
É do conhecimento geral que há crianças
que, embora permaneçam no seio familiar,vêem reduzido o afecto, a atenção, e todos os cuidados até então recebidos serem transferidos para um irmão mais novo.
Por outro lado, sabemos que há crianças que foram obrigadas a crescer rapidamente para cuidar dos irmãos mais novos, ou seja, não tiveram
nem viveram a sua própria infância.

O que dizer acerca daquelas crianças,
às quais lhes foi negada a permanência
no seio familiar, após o nascimentos de um irmão mais novo, e de outro, e de outro.
Nestes casos, costuma-se camuflar a realidade com a falta de espaço,com a falta de tempo...Trata-se de situações menos comuns, mas muito graves em que a criança é brutalmente rejeitada, retirada do seu próprio lar, dos braços da mãe, para viver com um outro familiar.

Para os adultos resolveu-se um problema,
da forma mais cómoda, mais egoista.
Para a criança,que se vê rejeitada pela própria família , criou-se um problema
que a irá acompanhar pela vida fora.

Como é que estas crianças podem amar os próprios irmãos mais novos, que foram a causa directa do seu afastamento?
Como é que estas crianças vêem os
seu pais, principais autores da sua descriminação?

Trata-se de crianças educadas e acarinhadas por um familiar disponível, em geral sem filhos , que nunca conheceu os segredos e a magia da maternidade.
Estas crianças não recebem o afecto dos pais e ficam privados do convívio com os irmãos.
Brincam sozinhos.
Não dividem alegrias, nem tristezas.
Crescem sem conhecer a alegria da partilha.
Habituam-se a ser auto-suficientes,
e ao mesmo tempo egoistas.
Não conhecem o sentido da
generosidade.
Contam só com eles próprios!

Como será a relação irmão/irmão?
Como será a relação mãe/filho?
Como será a relação com outras crianças?
Como virá a ser a relação com os adultos?
E com a sociedade?

Claro que estas situações acontecem,
por egoismo dos adultos, que, impunemente, "despacham" o filho mais velho ,ficando, deste modo, mais libertos e disponíveis para se dedicarem aos
filhos mais novos.

Como é que crianças mal amadas, mal acarinhadas, podem, mais tarde, serem adultos emocionalmente equilibrados?
Como é que crianças que viram fugir o seu direito a serem acarinhadas pelos
próprios pais, podem, um dia, ser adultos carinhosos?

Estas separações forçadas poderão provocar danos irreversíveis e irreparáveis,
que se poderão estender pela vida fora...
Apesar disso, e, impunemente,estas situações continuam a acontecer.

Os sinais de revolta são evidentes:
Filhos que não se identificam com os pais.
Irmãos que não se reconhecem.
Famílias desagregadas, onde não existem elos de afectividade, nem outro tipo de ligação.

Então, temos adultos que não sabem amar...
que não conseguem acarinhar!
Temos adultos a dar exageradamente
o que nunca tiveram...
Temos adultos a não dar, porque nunca receberam...
Temos pais que nunca foram crianças...
Provavelmente, nunca saberão ser pais!!

Lila Loureiro,
Viana do Castelo

3 comentários:

Anónimo disse...

Os acontecimentos vividos por nós desde a gestação,infância serão marcas presentes no nosso ser adulto.
Quantas coisas poderiam ser evitadas,quantas dores acumuladas que se manifestaram em alguma época da vida.
Quantas crianças que veem o seu direito ser roubado,ou por uma guerra,ou por pobreza,ou por indiferença,!
Que nós pelo menos ,podemos contribuir através de sentimentos,atos,informações para
amenizar a situação.
LigiA

Gwendolyn Thompson disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Gwendolyn Thompson disse...

É muito triste, toda a situação que penaliza uma criança, principalmente quando a exclui do seio familiar, e fica muito mais lamentável quando sabemos que nada de concreto foi feito ainda para se evitar tais situações, que têm geralmente uma causa muito complexa, envolvendo problemas de natureza psico-sociais, que remontam a duas, três ou mais gerações que vivenciaram epsódios semelhantes ou até piores, e que não têm nem muita noção das implicações dos seus atos, o que evidentemente não os justifica.