terça-feira, janeiro 31, 2006

Um país em mudança

O casamento entre duas mulheres, marcado para quarta-feira, 1 de Fevereiro, na 7ª Conservatória do Registo Civil, em Lisboa, é muito mais do que um caso mediático...

Teresa e Lena, de 28 e 35 anos, respectivamente, são a prova de que existe uma sociedade viva, que não se conforma com a proibição do casamento civil entre duas pessoas do mesmo sexo.
Certas da força e da razão do articulado constitucional, nomeadamente do artigo 13º, que proíbe qualquer tipo de discriminação com base na orientação sexual, ambas decidiram correr o risco de conquistar o direito a casar.
Sem esperar pela resposta à petição entregue no Parlamento, no passado dia 23, que reuniu mais de quarto mil assinaturas, Teresa e Lena decidiram enfrentar, com a cara destapada, os poderes instalados, que insistem nos tiques marialvas, apesar da fina camada de verniz liberal.
Este casamento é muito mais do que um acto de amor.
É um sinal de que existe, em Portugal, uma sociedade que não encontra resposta nos partidos políticos, que hipocritamente continuam a varrer para debaixo do tapete uma questão de civilização.
Enquanto a classe dirigente se contenta com umas viagens a Paris, a Londres e a Nova Iorque para reivindicar o estatuto de elite cosmopolita, as grandes causas da sociedade civil continuam a passar-lhe completamente ao lado.
O desafio a quem persiste em tentar deixar apodrecer mais uma questão incómoda constitui um sinal de esperança.
Tal como a candidatura de Manuel Alegre, que seduziu mais de um milhão de portugueses, a opção pública de duas jovens homossexuais representa uma cidadania revigorada, um país em mudança.
Apesar dos esforços de alguns, em justificar o injustificável, a verdade é que existe uma parte da sociedade que está farta do actual status quo, engordado à custa do moralismo reinante e dos negócios que tresandam a corrupção e a tráfico de influências.
A defesa da igualdade de direitos para os casais homossexuais nem é de esquerda nem é de direita: é uma questão de liberdade.
Os sonhos das duas jovens merecem a atenção e uma resposta de todos, nomeadamente dos que têm responsabilidades legislativas e governativas.A vida das pessoas é mais importante do que as manobras dilatórias e politiqueiras
Fonte: Visão

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente artigo!
Nunca é demais dizer que a orientação sexual já nasce connosco e não somos nós que a escolhemos. Desta forma, NINGUÉM tem o direito de impedir a felicidade honesta e límpida de dois seres que têm os mesmos direitos que qualquer outro casal.