quarta-feira, maio 17, 2006

Manuel Maria Carrilho voltou à ribalta.

Jornais, rádios, televisões e blogs não pouparam esforços na avaliação do livro do ex-ministro da Cultura, que conta com a chancela da Dom Quixote.
Jornalistas, políticos, analistas e comentadores, alguns deles visados nas páginas do livro intitulado ‘Sob o signo da verdade’, não resistiram a escrutinar cada uma das palavras escritas pelo deputado do PS.
Com mais ou menos crispação, a maior parte dos comentadores foram unânimes em sublinhar o mau perder de Manuel Maria Carrilho, como se os perdedores estivessem condenados ao silêncio.
É uma avaliação defensiva e simplista que corresponde à táctica da avestruz.
O livro de Manuel Maria Carrilho, apesar de ser mesquinho, tem o mérito de interpelar directamente os jornalistas.
Após ter perdido as eleições para a presidência da Câmara de Lisboa, Manuel Maria Carrilho dicidiu surfar a actual onda de ataque à liberdade de informação.
Mas ao misturar as questões pessoais e a derrota eleitoral, em que não falta o acinte, o insulto e as imprecisões, o filósofo socialista acabou por falhar uma oportunidade de ouro para protagonizar um debate sobre a comunicação social.
Quem sempre usou e abusou da imprensa cor-de-rosa para ganhar popularidade deveria ter um pingo de vergonha antes de falar sobre a qualidade da cobertura noticiosa de uma campanha eleitoral.
Mesmo assim, Manuel Maria Carrilho tem legitimidade para o fazer. E ainda bem que o fez, pois revelou desassombro ao denunciar as relações perigosas entre as empresas de comunicação social, as agências de publicidade e comunicação e os jornalistas.
Os políticos que criticam os jornalistas são tão importantes para a democracia como os jornalistas que não se intimidam com o poder.
No momento em que a crise atinge a generalidade dos sectores de actividade, é absurdo imaginar que a comunicação social é um paraíso à parte.
As quebras das vendas e das audiências não se devem única e exclusivamente à situação económica.
O papel e a qualidade da informação exigem uma vigilância permanente e uma profunda reflexão.

Da visão

1 comentário:

Anónimo disse...

Que multipliquem os comunicadores que não se intimidam com as leis do poder,e consigam com as mudanças trazer um número maior de pessoas a questionar a atual situação